segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Da efemeridade da vida e de como devemos aproveitar cada momento junto daqueles que amamos.

Essa semana aconteceu um acidente horrível com um ônibus aqui da empresa que desceu um pedaço de uma rua e invadiu a casa de uma mulher, derrubando o muro com ela junto e tudo mais que tinha pela frente.

Simples assim. 

Um minuto ela estava no portão de casa conversando e, no outro, caída entre o muro despencado e o ônibus.

Não tenho informações de quem seja. Sei apenas que tem uns 35 anos, é casada e com filhos.

E aí a gente para pra pensar e percebe como a vida é efêmera e como num instante estamos aqui e pode ser que no outro já não estejamos mais. E pensa no marido daquela moça que saiu de casa de manhã pra trabalhar sem fazer a menor ideia que, se ela tivesse morrido, aquela seria a última vez em que teria falado com ela. Pensa nos seus pais, nos seus irmãos, tios, primos, filhos.

E aí a gente continua pensando e tentando lembrar quais foram as últimas palavras que falamos para os nossos antes de irmos embora daquele almoço de família, daquele aniversário, daquela festinha. Antes de sairmos de casa pra trabalhar / estudar. O que será que gostaríamos de dizer se aquela fosse a última vez? Ou melhor ainda, o que será que gostaríamos de ouvir, se a última vez fosse nossa?

Sábado, assim que eu acordei, descobri na programação da TV que iria passar o documentário do Pearl Jam que assistimos no cinema mês passado (mês passado? Setembro? Enfim...). Fiz a minha programação do dia INTEIRO baseada no horário do bendito programa, pois eu queria muito assistir de novo. Quando faltava meia hora pra começar, minha tia me liga chamando pra ir almoçar na casa dela e aproveitar pra comemorar o aniversário da minha outra tia. Ia bem pouca gente (comparado ao tamanho da minha família) e eles queriam que nós estivéssemos lá. Eu disse que estávamos de pijama e que tínhamos acabado de almoçar (o que era a mais pura verdade, apesar de ser mais de duas horas da tarde). Ela desligou e dali 5 segundos ligou o meu tio. Meu argumento pífio do pijama + almoço não funcionou, claro, e eu acabei cedendo às insistências do povo. Nos trocamos e saímos de casa alguns minutos depois de o documentário ter começado. Enquanto eu me arrumava pra sair, fiquei pensando que os meus tios e os meus pais já não são mais aqueles jovens que entravam e saíam o tempo todo da casa da minha vó, recebendo amigos, conversando, almoçando todos juntos. Minha mãe tá com quase 60 anos. Meu tio, o do telefonema, tá coladinho ali nela. Meus outros  quatro tios também. E eu pensei que o documentário eu compraria em DVD daqui a algum tempo, mas aquele tempo ali, daquela tarde, passaria e eu jamais teria de volta. E pensei em quando seria a última vez em que estaríamos todos juntos e me deu uma tristeza, mas ao mesmo tempo uma alegria de ter cedido às insistências e ter decidido ir ao tal almoço - mesmo já tendo almoçado - só pra passar aquelas horinhas ali com eles.

E agora eu me pego pensando se a família da moça da casa da descida também se reunia como a nossa pra almoçar. E em quantas vezes ela foi chamada para ir à casa dos outros e recusou ou então convidou alguém para visitá-la e a pessoa não foi. E eu desejo sinceramente que, nos dias em que ela tenha ido, ela possa ter aproveitado ao máximo seus momentos ali. E que não tenha carregado nenhum arrependimento. Desejo que ela tenha sido feliz nesses momentos e que tenha feito muitos outros felizes. E que tenha deixado a todos a certeza de que tinha prazer em estar ali com eles. 

Pois nunca se sabe quando será a última vez.

Moça da casa da descida, essa é pra você:




Just Breathe - Pearl Jam


Yes, I understand that every life must end
As we sit alone, I know someday we must go
I'm a lucky man, to count on both hands the ones I love
Some folks just have one, others they've got none

Stay with me.
Let's just breathe.

Practiced all my sins, never gonna let me win
Under everything, just another human being
I don't wanna hurt, there's so much in this world to make me bleed

Stay with me
You're all I see.

Did I say that I need you?
Did I say that I want you?
If I didn't I'm a fool you see
No one knows this more than me

As I come clean...
I wonder everyday, as I look upon your face
Everything you gave
And nothing you would save, oh no

Nothing you would take
Everything you gave.

Did I say that I need you?
Did I say that I want you?
If I didn't I'm a fool you see
No one knows this more than me
And I come clean...


Nothing you would take
Everything you gave
Hold me ‘til I die
Meet you on the other side.

Apenas Respire

Sim, eu entendo que toda vida deve ter um fim
Enquanto nos sentamos sozinhos, sei que algum dia nós também devemos partir
Sou um homem de sorte, por contar em ambas mãos as pessoas que amo
Algumas pessoas só tem uma, outras não têm nenhuma

Fiquei aqui comigo.
Vamos apenas respirar.

Dou por praticados todos os meus pecados, pois não são eles que me darão a vitória
Sob tudo isso, apenas outro ser humano
Eu não quero magoar, há tanta coisa nesse mundo para me fazer sangrar

Fiquei aqui comigo.
Você é tudo o que vejo.

Já disse que preciso de você?
Já disse que quero você?
Se eu não disse, sou um tolo, sabe?
Ninguém sabe disso melhor que eu

Enquanto desabafo...
Me pergunto todo dia, enquanto observo seu rosto
Tudo o que você doou
E nada do que levou

Nada que levou
Tudo o que doou.

Já disse que preciso de você?
Já disse que quero você?
Se eu não disse, sou um tolo, sabe?
Ninguém sabe disso melhor que eu
Enquanto desabafo...


Nada que você levaria
Tudo o que você deu
Abrace-me até eu morrer
Te encontro do outro lado...