sexta-feira, 27 de julho de 2012

Respeito e coerência mandaram beijos

Outro dia tava conversando com o aprendiz que trabalha no meu setor e estávamos falando sobre AdSenses, como ganhar dinheiro com internet e etc. Aí ele me pergunta: "Você não tem um blog? Por que não coloca uns anúncios nele também pra ganhar um dinheirinho? Pode ser que seja pouco, mas né?" E na mesma hora eu respondo: "Tenho, mas dificilmente as pessoas vão querer ler o que eu tenho pra escrever, então nem vale a pena."

E aí eu fiquei pensando que, realmente, ninguém nunca vai querer ler o que eu escrevo aqui. Mesmo porque eu escrevo o que eu quero e não o que os outros querem ler e, na verdade, isso funciona mais como um desabafo do que como conteúdo que alguém possa aproveitar pra alguma coisa (diferente de postar no Facebook, onde a desconfiança geral leva as pessoas a acreditarem que, em cada post, existe uma indireta a alguém ou, no caso do meu ateísmo, que eu sou o anticristo).

O que me levou a uma nova reflexão: as pessoas não conseguem se conformar que exista alguém que não acredita numa divindade superior. Duvida? Faça o teste. É plenamente aceitável que se acredite no Bule Voador ou no Monstro de Espaguete do que ser ateu. Às vezes, até pra evitar entrar no assunto - que, no meu caso, é sempre uma batalha perdida (não há como vencer um crente e o final é sempre o mesmo: "Você não acredita em deus, mas ele acredita em você e te ama." GRRRRRRRRRRRRR) - eu penso em dizer que sou budista (dica do Raulzito, a propósito, rs). Ninguém nem se toca que, sendo budista, em tese você também vai pro inferno. O que importa é que há um nome pra o que você é, você faz parte de um "clube" e, por trás disso, há uma "divindade". 

Não sei dizer de onde vem essa necessidade de crença (quer dizer, a filosofia, a sociologia, antropologia e/ou a psicologia devem conseguir explicar, mas tô com preguiça de pesquisar), o que eu quero dizer é que não consigo me conformar em como as pessoas podem ser tão cegas a ponto de acreditar em algo que elas não podem ver e, pior, achar que esse algo possui alguma influência na vida delas.

Quer ver? 

Há uns meses, uma conhecida postou no Facebook (sempre ele...) que havia quase sofrido um acidente na estrada. Ela estava indo de ônibus pra um lugar e aconteceu um engarrafamento. Muitos carros se envolveram na tragédia, mas o ônibus em que ela estava não tinha sofrido nenhum arranhão "graças a Deus". Okey, e os outros que se arrombaram? Perdas totais nos carros, ambulância, hospital, internações, boletins de ocorrência, apuração do culpado, acionamento do seguro, processos na justiça... Eu sou deus: "Olha, vocês todos aí que se danem. Vou poupar só aquele ônibus onde tá aquela moça ali, beleza? Continuem me louvando que eu sou mó gente boa. Spread the word!" Gente, será que não dá pra cair na real? É isso que me tira do sério. Esse bloqueio que essa gente tem de não perceber o absurdo que estão falando. Se existe um deus mesmo, qual a real de segregar os filhos? Meio sádico isso. 

Aí acabo, nesse minuto, de ler outro post na minha TL: "Deus é muito bom pra mim. É impressionante como Ele me conforta nos momentos de tristeza. São infelizes os que não crêem (sic) no seu amor e na sua existência." 12 "curtidas" até agora.


Fui lá e respondi que sou feliz, sim. Sabe o que me disseram? "Talvez seja porque vc tb crê NEle!!!" Eu respondi que não e recebi um "Ok, respeito." Mas apagou o post? Não. Nem se deu conta que a frase continua lá ofendendo todos que não acreditam, chamando-os de infelizes. Fico PUTA da vida com isso! O que te faz pensar que eu sou infeliz por não acreditar na mesma coisa que você? Ou que sou infeliz porque sou a favor do aborto? Ou que sou infeliz porque não quero ter filhos tão cedo porque acho que agora eles seriam um estorvo e só atrapalhariam a minha vida? É isso mesmo, no momento, para a minha vida, eu acho criança um estorvo. E aí? 


Mas o pior de tudo isso é que, se vou eu lá escrever que Deus não existe e que todo mundo que acredita nele é alienado, sou linchada virtualmente. Entendem o que eu quero dizer? Coisas que não obedecem a uma certa "convenção coletiva social" não podem ser ditas ou escritas. O respeito vai só até a segunda página quando a pessoa não partilha da mesma opinião que você. Agora parei de responder porque, como já disse lá em cima, é uma batalha perdida. Inclusive quando o prêmio é somente respeito, que é o mínimo que podemos exigir do outro.

Calvin, sempre sábio.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ufa...rs